sexta-feira, 21 de junho de 2013

Entrevista EXCLUSIVA com Adriana Falcão

Por: Carson Sousa

Adriana Falcão além da mãe da nossa amada Clarice Falcão é também uma escritora e roteirista de mão cheia. Talentosíssima e maravilhosa! Garanto que todos já viram algum programa ou leram alguma coisa escrita por ela. 
Eu queria escrever uma introdução enorme nessa entrevista para dizer o quão fofa, linda e simpática é a nossa querida Adriana Falcão, mas a entrevista já diz tudo. Então, simplesmente leiam! Leiam tudo. Garanto que vocês vão ficar tão apaixonados quanto eu por essa mulher maravilhosa.
*Ignorem a minha cara horrível na foto HAHAHAHAHAHA

Adriana, pra começar nós vamos falar de você: Você é roteirista e escritora, tem um vasto número de livros e filmes, e já escreveu roteiro para muitas séries de sucesso da TV Globo. Qual é o balanço que você faz da sua carreira artística até aqui?
Ah, foi muito trabalho (Risos), mas feito com muito prazer. Eu gosto do que eu faço e isso é muito bom, porque eu sempre estou fazendo com paixão. Ultimamente eu tenho trabalhado muito para a televisão e tenho me dedicado muito pouco à literatura, aos livros, que são a coisa que eu mais gosto de fazer. Tomara que um dia eu consiga viver disso, porque é muito difícil viver de livro no Brasil, três ou cinco escritores conseguem. Quem sabe um dia, quando eu ficar velhinha eu consiga.

Você tem algum trabalho seu que seja o preferido?
Tenho. É um dos meus livros, o “Luna Clara & Apolo Onze”, que eu adoro. Inclusive, esse livro é dedicado a Clarice. É meu livro que eu mais gosto.

Sobre Louco Por Elas: É uma série onde tudo é em família, né?! Série do João, seu marido, que conta com roteiros seus, da Clarice e do Gregório. Como é trabalhar assim em família numa série tão gostosa?
A gente sempre trabalhou em família. Isso é uma coisa que não é a primeira vez que a gente faz. E a gente adora, ficamos muito felizes porque a gente se identifica muito. Eu acho que o trabalho da Clarice tem muito como referência o trabalho da João, também compõe, tem muito humor nas composições e o trabalho dela com roteiros eu acho que tem muito a ver comigo. Enfim, a gente se identifica muito e com muito prazer que a gente trabalha junto.

Falando no João: Trabalhar com a mesma coisa, e juntos, é bom?
A gente tá separado há três anos, três anos e meio, mas a gente se dá super bem, se adora, trabalhamos juntos e na nossa vida inteira de casados, que foi por mais de 20 anos, a gente trabalhou junto, ficou junto e era muito bom. A Clarice e o Gregório sempre comentam sobre isso, dizem que gostam de trabalhar juntos, porque sempre tem assunto, e parece que vai desgastar, mas eu não acho que desgasta não.

A família Falcão tem uma tendência muito grande ao mundo artístico. A que você atribui isso?
Vou atribuir a uma coisa óbvia e evidente: Essa soma, dos meus genes com os do João, não tinha muito como não dar nisso, porque eu sou uma pessoa encantada, apaixonada por literatura, pela palavra, por música, por cinema e o João também. A gente criou essas meninas, desde muito pequenas, nos bastidores das peças do João, eu escrevendo livros e ela brincando por perto. Uma coisa que a Clarice fala muito nas entrevistas dela é que eu a ninava com músicas do Chico Buarque, sabe?! Elas viveram num mundo muito rico artisticamente, se criaram assim. Seria até estranho se elas não seguissem por esse caminho.

Você acha que a Isabel (Irmã mais nova da Clarice) também seguirá esse caminho artístico?
Isso é engraçado, porque a Clarice lembra muito o João na parte artística, ela tem essa coisa múltipla, ela é atriz, mas ela escreve, e ela é cantora, mas ela é compositora, e o João é exatamente assim, ele é muito múltiplo. Eu não, eu gosto é de escrever, e eu acho que a Isabel é muito parecida comigo. A Isabel gosta de escrever. E a minha filha mais velha (Tatiana Maciel), que não é do João, também tem um livro publicado (O Homem dos Sonhos), que é maravilhoso, eu amo o livro dela, eu acho que ela escreve até melhor do que eu. Ela também escreve roteiros. A Isabel está estudando Letras em Barcelona e eu tenho certeza que ela vai seguir por esse caminho, não tenho dúvidas.

Agora vamos começar a falar da Clarice. Quando criança ela já mostrava essa vontade de ser famosa, cantar, atuar e escrever?
Eu não digo de ser famosa, porque na educação dela uma das coisas que a gente tentava muito valorizar era você fazer um trabalho que você goste, que você seja apaixonado, mas não pela fama. A Clarice foi crescendo numa época que estourou esse negócio de celebridades, revistas, paparazzi, pessoas que ficavam famosas não pelo trabalho, mas porque era mulher ou marido de alguém, ou jogadores de futebol. Sem nenhum preconceito com quem é celebridade. Tem pessoas que eu adoro que são celebridades. Até porque, tanto eu quanto o João vivemos do nosso trabalho e a gente não é exatamente famoso. Mas ela desde muito pequena compunha umas músicas muito doidas, muito malucas como “Harry oh, a calda do cabrito” e tinha uma do avião que vinha subindo e descendo, subindo e descendo quase na posição vertical. Tinha várias músicas que ela compunha e ela vinha falando: “Olha a música que eu compus.”, e ela muito pequenininha também cantava e ela cantava lindo, afinadíssima, com coração, com sentimento. E era engraçado porque as irmãs queriam cantar também e ela sempre as empurrava e falava: “Agora sou eu! Agora sou eu!”, ela achava que só ela podia cantar. Ela achava que a instituição música era dela. A gente tem até uma fita de áudio em que o João está cantando aí a Clarice fala assim: “Agora sou eu! Agora sou eu!”, e ela não quer que ninguém cante, só queria cantar ela mesma. Atriz eu não imaginava que ela fosse querer ser. Quando pequena, ela pegava a Isabel e as amigas da Isabel e ela fazia umas peças, e ela dirigia e as amigas da Isabel e a Isabel eram as atrizes e faziam tudo que ela mandava. Eu achei que ela fosse mais pra esse lado de direção, mas aí muito nova, com 16 anos, ela começou a postar aqueles vídeos dela no Youtube, o “Dois Menos Dois” e outras coisas que ela fazia com um amigo dela lá, o Célio. Eles faziam, eles dirigiam, então...

A Clarice já falou em diversas entrevistas que a música “Monomania” é pra você. Conta um pouquinho sobre como ela começou a escrever músicas:
Isso é piada (Risos). A Clarice adora fazer piada. Eu sempre fui uma mãe muito babona pras coisas da Clarice. Ela chegava com as músicas e eu achava lindas e dizia: “Que coisa linda!”. Só que a Clarice tem uma coisa que o João também tem, até nisso ela puxou o João, que ela é muito rápida. Então, no começo, ela vinha com uma música aí cantava e eu dizia: “Nossa, que música linda, Clarice!”, aí ela ia pro quarto e daqui a pouco voltava com outra, aí eu dizia: “Não acredito. Já fez outra” e ela dizia: “Sim, ouve só.”, e ela cantava aí eu falava: “Poxa, que linda!”. Aí teve um dia que ela chegou pela terceira vez, aí eu disse: “Clarice, eu preciso trabalhar, né?!”, mas foi brincando e ela fez essa piada. Mas ela sabe que eu completamente a fã número 1.

Em entrevista a revista TPM, a Clarice disse que escrevia algumas cenas no seu lugar e recebia conselhos seus sobre o que estava ficando bom e o que estava ficando ruim. Como era isso?
É o seguinte: Quando ela começou a fazer esses vídeos pro Youtube e roteiros eu logo saquei que ela tinha muita vocação para isso. E o mercado é muito carente de roteiristas, de pessoas que escrevam para a televisão, diálogos e roteiros. Então, muitas vezes eu tava escrevendo, na época era “A Grande Família”, e eu tinha um monte de cenas para escrever e ela estava por ali, aí eu dizia: “Clarice, escreve essa cena aqui.”, aí ela escrevia. E ela foi se aprimorando com o tempo, e no começo eu comentava: “Isso aqui é muito legal!”, “Essa cena aqui é boa.”, “Isso aqui não é bom por causa disso”, até um dia que ela começou a escrever tão bem que eu usava no programa. E eu dizia pros redatores finais do programa assim: “Essa cena foi a Clarice quem escreveu”, e eu acho que eles não acreditavam muito. E o engraçado é que, depois eu parei de contar porque quando eu dizia que foi a Clarice que escreveu, eu dizia porque eu acho muito ético você dar os créditos, era ela quem tinha escrito, então o mérito era dela e pras pessoas também saberem e não pensarem que eu estava botando uma criança pra escrever no meu lugar. Então quando eles diziam que alguma cena era legal, eu dizia que era da Clarice. Mas eu parei de dizer por que eu achava que eles pensavam que era mentira minha, achavam que eu tava dizendo só pra enaltecer minha filha ou pra Clarice ser contratada, sei lá. Aí eu fiquei quieta, eu já tinha dito várias vezes, então parei de insistir nessa tecla pra não parecer que eu era louca ou que eu tava querendo emprego pra ela, enfim.

Você acompanha todos os trabalhos da Clarice na TV e na Internet?
Nesses últimos dois anos eu estava trabalhando muito no “Louco Por Elas”; então muitas coisas eu não consegui acompanhar. Em geral, quando eu sei que ela saiu na revista ou que postou alguma coisa, eu saio correndo pra ver, mas eu não consegui ver todos os episódios de “O Fantástico Mundo de Gregório”, por exemplo. Eu não consegui ver porque eu tava trabalhando tanto, estava super atolada de trabalho. Mas eu ainda vou ver.

O “Elmiro Miranda Show” você acompanhou?
O “Elmiro” eu adorei os que eu vi, mas também não vi todos.

“Vendemos Cadeiras”?
Vi quase todos.

“Porta dos Fundos”?
Acho difícil algum vídeo do “Porta” que tenha ela e eu não tenha visto. Eu vi quase todos. Sou completamente fã do “Porta dos Fundos”.

Você já viu o “Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Estou Fazendo Com a Minha Vida”?
Sim. Eu vi o filme todo! Eu fui pra Gramado ver.

Qual dos trabalhos, como atriz, da Clarice que você mais gosta?
Isso é fácil de responder porque ela fez o “Laços” muito novinha e não tinha essa pretensão de ser atriz, ela queria fazer coisas. Ela era muito verde quando ela fez o “Laços”, mas teve uma repercussão grande. Aí viram lá na Globo – Não teve nada a ver comigo e nem com o João – E chamaram ela pra fazer o teste para “A Favorita”. Ela foi lá, fez o teste e foi fazer a novela. Mas ela não gostava de fazer a novela, ela se criticava. Ela nunca foi uma menina de ver novela, ela gosta de séries americanas. Ela tem uma coisa mais sofisticada do que novela. O ator de novela é muito pra estar ali dizendo qualquer texto e ela é muito diferente. Então, ela se criticava muito, e por causa disso eu acho que ela se prejudicava como atriz na novela. Então, como eu vi que ela não tinha nenhum prazer em fazer aquilo, pensei: “A Clarice não vai querer ser atriz.”. Mas quando eu vi a Clarice no “Elmiro Miranda” eu fiquei impressionada. E também no teatro no “Confissões de Adolescente”, ela arrasava! Hoje em dia no “Porta dos Fundos” eu vejo que é um tipo de humor, um tipo de interpretação que a Clarice tem, que é o jeito dela, que não tem nada a ver com novela. Então, foi no Teatro, e na televisão foi no “Elmiro Miranda Show”.

Como você define o estilo musical que a Clarice faz?
Outro dia eu disse a ela: “Clarice, isso que você faz é um pop-piada, né?!” (Risos). Ela não gostou muito dessa definição não. Eu acho que tem uma coisa que é excessivamente romântica que é até patético, e ela tira partido disso. As influências dela são bem claras: O João, o Chico Buarque e o Luis Tatit. A Clarice tem um senso de humor muito aguçado, sempre teve, desde criança. E eu acho que qualquer coisa que ela faça vai para o humor, mesmo quando é trágico. Fica tragicômico. “Oitavo Andar” é completamente tragicômico. Eu acho que as melodias são lindas, as letras são super inteligentes, ela tem umas sacadas de rimas muito legais, mas eu acho que o forte é o senso de humor, é a maneira como ela consegue ver as coisas com senso de humor, mesmo as tragédias.

Qual das músicas da Clarice é a sua favorita?
Ah, eu fico mudando. Eu amava “Macaé”, ainda amo. Mas já faz um tempo que eu gosto muito de “Capitão Gancho”.

Você vai aos shows da Clarice?
Se eu pudesse iria a todos. Eu não fui a dois que ela fez em São Paulo, e hoje ela está em Curitiba e eu não fui. Eu sinto como se eu estivesse perdendo a melhor fase da minha vida por não estar lá vendo. Mas sabe uma coisa que eu tenho percebido? Eu tenho sentido a Clarice muito cansada. Ela tá sempre alerta. Ela tem vídeo do “Porta” pra gravar, ela tem shows. Eu tenho achado ela cansada. Eu acho que ela está precisando de umas férias, até para processar tudo o que aconteceu.

Da última vez que eu a encontrei ela disse até que já está escrevendo músicas novas. Acredita?
Eu sei. Ela já me mostrou algumas. Maravilhosas! Não me lembro dos nomes. É muita coisa! A Clarice é o tempo todo. Ela fez o “Monomania”, em muito pouco tempo. Essas novas eu amei, mas não me lembro.

O que você espera da carreira da Clarice daqui pra frente?
Eu espero que ela seja muito feliz. Eu não tenho mais nenhuma expectativa. Eu acho que já está acontecendo tanta coisa legal, tanta coisa bacana. Ela fala para um monte de gente, e fala coisas legais. Eu me orgulho muito disso. Eu acho que a Música Popular Brasileira, em geral, está num nível muito baixo e a Clarice está aí falando coisas de um nível muito bacana. Então, tudo que tinha pra acontecer de bom na carreira dela, já aconteceu. Acho que vai continuar acontecendo. A minha dedicação de pensamento, o meu desejo, é para ela. Que ela seja muito feliz, na carreira, na vida dela. Que isso não a engula. Quando eu disse que eu tenho sentido ela muito cansada, eu penso que ela não tem mais tempo para uma vida pessoal. Que ela consiga sentir prazer nisso tudo e ser feliz.

Nós temos umas perguntas do pessoal do twitter.
Ah claro, vamos lá!

A Mariana (@idiotnimrod )pediu para perguntar: quando foi que você notou que a Clarice seria cantora?
Tem uma coisa engraçada: Sabe o ator Bruno Garcia? O Bruno morou comigo e com o João durante muito tempo, acho que dos 13 aos 20 anos. E ele viu a Clarice nascer. Ele conta essa história muito engraçado. No ano que a Clarice nasceu, era o ano daquela música “Oceano”, do Djavan. O João pegava ela e ficava cantando essa música, e ela ficava vidrada ouvindo. Outra coisa que o João brincava com ela: Ela era bebê, tinha uns 8 meses, e o João cantava pra ela: “Ilari-lari-lari-ê” e ela respondia: “ô-ô-ô”, completamente afinada, só que ela era muito bebê. O Bruno conta essa história muito engraçado, porque era uma coisa muito bizarra: Um bebê afinado, um bebê que sabia cantar. Acho que desde esse momento ficou claro pra mim.

A Letícia (‏@aczli4r) pediu pra você obrigar a Clarice a postar mais no twitter, pelo amor de Deus!
Tudo que quiserem que a Clarice não faça, pede pra eu obrigar, porque ela não faz (Risos). Se vocês quiserem que ela faça, vão por outro caminho. A gente tem uma relação muito linda, maravilhosa, mas muita intimidade. Então se eu mando assim: “Clarice, arruma seu quarto”, ela responde: “Ah mãe, tenho mais o que fazer”. É isso...

A Nicole (@NicoleDemartini) perguntou: Desde pequena, você via o talento da Clarice em áreas específicas, como o dom dela em português, por exemplo?
Sim. Com língua Portuguesa, língua Inglesa e com Desenho. Loucura isso. Porque além de tudo que ela faz, ela ainda desenha e desenha muito bem. O João também desenha, ou seja, ela puxou muito a ele. A Clarice poderia facilmente ser pintora. E não é “corujisse” de mãe não, porque tem coisas que ela não é boa: ela não é boa em Geografia, ela não é boa em História, ela não é boa em várias coisas, mas nas línguas e nas artes, ela é muito boa.

A Ariane ‏(@ari_paixao) pediu pra você contar pra gente uma situação engraçada que aconteceu com você e a Clarice.
O que eu vou contar tem até a ver com a ligação dela com o Português. Ela aprendeu a ler muito pequena. Com 4 anos ela já lia e escrevia. Uma vez, quando ela tinha uns 5 anos, a gente estava numa loja, eu tava comprando alguma coisa e ela tava comigo. Aí ela veio pra mim, toda agoniada e disse: “Mãe, se eu dormir nessa loja eu vou presa?”, aí eu disse: “Não, Clarice. Claro que não. Por quê?” e ela disse: “Porque eu tô com muito sono e ali naquela placa está escrito: ‘Sonegar é crime’” (Risos). A Clarice sempre foi engraçada. Sempre!

A Bianca (@tbiancabatista) perguntou se quando você estava grávida da Clarice, você queria ou achava que era um menino?
Sim, eu achava que era um menino. Como eu já tinha uma filha do meu primeiro casamento, e era uma menina, eu achava que a Clarice seria um menino. E como era o meu primeiro filho com o João, porque depois nós tivemos a Isabel, eu queria que fosse diferente. Era um outro casamento, eu já tinha uma menina, então eu tinha muita certeza de que teria um menino. E eu não quis saber antes, só soube quando nasceu. Todas as minhas três filhas eu só soube quando nasceram. Mas o enxoval da Clarice era todo azul, o quarto dela era todo azul e eu tinha certeza que era um menino. Quando ela nasceu e era uma menina, eu achei até estranho.

Obrigado pela entrevista, Adriana!
Ah, de nada. Obrigado a vocês pelo carinho.

Espero que todo mundo tenha gostado.
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